segunda-feira, 30 de novembro de 2009

É nestas alturas...

...que se precisa de alguém que nos afague o cabelo, que nos beije a testa e nos diga que vai ficar tudo bem.
Mas quase sempre, de todas as vezes, esse alguem está longe...

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Há coisa de cinco meses, esta música servia de banda-sonora a uma epifania, uma das realizações mais estrondosas da minha vida, de uma life altering trip.
Volvidos cinco meses serve de banda-sonora a um coração partido...



...
You walk along the stream
Your head caught in a waking dream
Your protector's coming home (coming home)


As you lay to die beside me, baby
On the morning that you came,
Would you wait for me,
the other one,
would you wait for me? (2x)
... 

domingo, 29 de novembro de 2009

"Um noivo é um homem feliz que está prestes a deixar de sê-lo"*

De há uns tempos para cá ando a sonhar que me vou casar: ou é a minha pessoa vestir-se para a boda, de vestido e véu rendilhado, lindos de morte, a ir para a Igreja, ou é o copo-de-água ou a cerimónia em si. O mês passado sonhei com o pedido, o mais ternurento que pode haver, e o anel; a noite passada voltei a sonhar com ele: era de oiro e de diamente rosa. Lindo que só visto.
Resta saber que na minha vida consciente, esta de que vos escrevo, o matrimónio não faz parte dos meus planos. E estes sonhos andam, pois, a inquietar-me. São estranhos: é tudo muito bonito, eu fico uma graça de vestido branco e todas as esperanças de recem-casada, mas normalmente estou tristinha da vida e o noivo nem ve-lo. Nunca o vi, tenho apenas impressões de quem é...  É triste. O pobre desgraçado há-de estar escondido a pensar no terrível erro que acabou de cometer em me ter pedido para ser sua aos olhos de Deus e do Registo Civil.

Agora, estou à espera dos sonhos em que os filhos começam a aparecer... Há-dem estar para breve, visto que já sonhei com todas as fases possiveis do arranjo...

Dito isto, vou retomar o trabalho de História e falar sobre divórcios e o regime do Estado Novo. Tudo em conformidade portanto...

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*Poncela

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Onde a mulher teve um amor feliz é a sua terra natal."
- António Lobo Antunes


Acho que é por isso que nunca me senti verdadeiramente em casa, em parte alguma...

Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua.

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Descobri a razão...

... pela qual a linha de Saúde 24 tem sempre imensa gente a telefonar para lá. Chama-se Voltar e é do Rodrigo Leão e é linda, linda, linda de morte. (Irony!...)
- Agora sem trocadilhos, ironias ou sarcasmos: a música é mesmo muito bonita. -

Ontem tive de fazer uso da linha de saúde e deparei-me com isto, assim sempre em repeat, até que alguém finalmente me atendeu. Ia-me deprimindo uma data de vezes com a letra da música, porque uma pessoa com alguém enfermo ao lado, a ouvir palavras assim, nunca dá bom resultado.

Manhã Cinzenta
Faz me chorar
A chuva lembra
O teu olhar
As folhas mortas
Caem no chão
A dor aperta
O coração
Quanto eu não daria
Para poder voltar atrás
Volta pra meu peito
Daqui não saias mais
...

Temos um sistema nacional de saúde muito intelectualizado...
E pois que uma pessoa se põe a caminho das urgências, porque tem em casa um caso suspeito de Gripe A.
É extraordinario como uma máscara de protecção pode abrir caminho, tal qual Mar Vermelho à passagem de Moisés... Era vê-los desimpedir a passagem por aí fora, até às Urgências.

Se há coisa que eu odeio mais que as urgências do hospital, são urgências pediatricas desse mesmo hospital - se as crianças já são insuportáveis quando estão saudáveis e contentinhas da vida, quando estão enfermas duplicam o grau de parvoice e tonteria: era ve-los a lutarem pelo escorrega - ora puxa daqui, ora puxa dali, assim com o dito a arrastar-se pelo chão. Experimentem ir para umas urgências pediátricas com uma pedrada de sono, cansadissímos de um dia inteiro fora de casa e uma bruta dor de cabeça, para lá encontrarem lutas tribais por um escorrega e outros a chorar nos braços das mães. E agora, também experimentem sentarem-se mesmo ali no meio da sala, de máscara, já indicando a causa pela qual estão ali, e depois darem um espirro. Eh pah, experimentem que é deveras divertido ver todas as cabeças a virarem-se na nossa direcção...

Fui para o carro, tentar descansar a cabeça e dormitar por um bocado. Escusado será dizer que só saí do parque de estacionamento do hospital à uma da manhã - tinha dado entrada eram umas oito e meia da noite. Umas cinco horas à espera, para no fim o piqueno do meu irmão ter só e afinal gripe sazonal. O pobre está melhorzinho, mas a xaropes...
O nosso sistema nacional de saúde é lindo, lindo que só ele... Ao menos tem Rodrigo Leão em repeat na linha de Saúde 24.
E não, o raio da música não me sai da cabeça. Vejam vós se ela não é mesmo linda de morte... porque é...



...
Perdi me AMOR
Pra te encontrar
Na solidão
Do teu olhar
No teu olhar
Se perde o meu
Também o mar
Se perde no céu
Quanto eu não daria
Para poder voltar atrás
Volta pro meu peito
Daqui não saias mais

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Everybody Here Wants You



...
Twenty-nine pearls in your kiss
A singing smile
Coffee smell and lilac skin
Your flame in me

I’m only here for this moment

I know everybody here wants you
I know everybody here thinks he needs you
I’ll be waiting right here just to show you
How our love will blow it all away

Hmm, such a thing of wonder in this crowd
I’m a stranger in this town
You’re free with me
And our eyes locked in downcast love
I sit here proud
Even now you’re undressed in your dreams with me
...

Everbody Here Wants You, Mr. Jeff Buckley... I Still Think and Need You...




terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Reencontro de Duas Ternurinhas Ternurentas

Pois que este fim-de-semana se deu o reencontro de duas ternurinhas ternurentas: de moi je, pois está claro, com aquela ternurinha de criatura que me enternece o coração de tão ternurenta que é. Não, não encontrei a ternurinha ternurenta que é o David Fonseca ou a ternurinha ternurenta que é o Brandon, o Noel ou o Hamilton. (também não estou a tentar bater o recorde do numero de vezes que a expressão "ternurinha ternurenta" é utilizada num paragrafo.) Estou mesmo a falar daquela estupidez de ternura de quatro patas. Pois que houve muito salto, muita correria, muita festa e felicidade de parte a parte. É uma ternurinha ternurenta, não há nada a fazer.
Foi uma bela viagem, às sete da tarde, escuro como o breu lá fora e a chover; em nenhum momento o comboio deu indicios que iria descarrilar, nem na viagem para lá nem na viagem para cá, algo que considero um aspecto francamento positivo - depois perdia-se esta ternurinha ternurenta que sou eu, e era um problema...

À chegada a primeira coisa que se ouve na rádio é essa maravilha de criação musical que é a I Wanna Know What Love Is dos Foreigner; canção essa que não me sai da cabeça à umas brutas semanas, o que há-de querer significar algo, não?
Nos entretantos, houve noite de castanhas, jurpiga e karaoke: dois conceitos que nunca deveriam ser introduzidos na mesma frase (bebida e castanhas e karaoke). Pois que até houve a Lusitana Paixão,chamei a musica (em que fui arrastada) e acabei a noite a berrar pelos Contentores, já noutro mundo (numa pequena homage às aulas de Geografia...) It was nice... até porque o dificil foi mesmo escolher as musicas, porque o raio do homem até tinha David Fonseca...

Na viagem para casa, alegrou-me vir nos comboios antigos de minha infância, ainda com os estofos verdes e as mesas brancas e não a mariquice de mesas amarelas que têm hoje em dia. Foi um regresso ao passado...
Pelo caminho leu-se metade do Amor de Perdição e enterneci-me em Between Waves... "I Wanna Help You, But I Can't Play Along Cause All I Want To Do To You It's Wrong. It's Wrong..."
Um fim-de-semana de bela existência. Deviam de haver mais assim...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Gravity Ain't no Friend of Mine

É isso tudo. Eu este ano já cai e me espatifei no chão mais vezes do que em toda a minha vida. Não sei que poderá querer isto dizer. Desta e pela segunda vez, cai em Educação Física - da primeira fui abalroada num jogo de futebol, agora fui abalroada por mim mesma, sozinha. Cai de costas. Nada agradável.
E depois aquela sensação de que já estamos quietas, caidas no chão, mas não: ainda estamos a andar, ou melhor, a arrastarmo-nos pelo chão, o que também é bonito. Resultado: esfolei-me toda.

It's Gravity, my friends, and it ain't no friend of mine...
A propósito, Gravity do John Mayer, uma das minhas músicas preferidas do moço:


...
Gravity is working against me
And gravity wants to bring me down
Oh, I'll never know what makes this man
With all the love that his heart can stand
Dream of ways to throw it all away
...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Eu sei...

Eu sei, não se iludam, porque eu entendo: já pensei, disse e fiz muita coisa que, muito provavelmente, não devia, e consequentemente há-de haver muito boa gente que me odeia. Eh pah, eu percebo isso. Mas agora, por amor à Santa, deixem-se de mariquices. É que não é só a mim que me estragam a vida… Tenho muita gente à minha volta que conta comigo e com as minhas faculdades mentais – aqueles que ainda persistem, depois de tão amaldiçoadas – e, se vós andais para aí com macumbas e semelhantes, cai tudo por terra. Portanto, não é só a mim que estragam a vida. Além de que tenho a certeza que o nosso senhor lá de cima já deve andar à procura de uma qualquer retribuição divina para me infligir, portanto não se macem, não se preocupem com isso, que ele sabe o que faz.
E se eu consigo ser mazinha quando estou toda contentinha da vida, ainda consigo ser pior quando estou com os azeites; é que fico mesmo azeda, e aí, é que se estraga tudo, e depois é um problema… Portanto, parem lá com isso, porque essas histórias do mau-olhado já começam a fartar. Arranjem uma vidinha e sejam felizes, minha gente; deixem-me ficar assim toda inteirinha, livre de voodoos e o que mais esta juventude arranja para amaldiçoar quem quer, que eu não preciso de ajuda para me estragar; aliás, tenho feito um belo trabalho nesse sentido, nestes últimos 17 anos; não preciso de nenhuma mãozinha para me desgraçar.
Vá, acabem lá com essas mariquices que eu tenho mais que fazer do que andar para aqui feita tonta amaldiçoada…


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Para atravessar contigo..."


Se ainda não tivesse partido, Sophia de Mello Breyner faria hoje 90 anos de idade.
Sophia escreveu vários dos meus poemas preferidos. Este foi o primeiro que li seu e o que me fez apaixonar pela sua obra.

"Para atravessar contigo o deserto do mundo,
Para enfrentarmos juntos o terror da morte.
Para ver a verdade,
Para perder o medo.
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixo o meu reino.
Meu segredo,
Minha pérola redonda e meu oriente,
Meu espelho, minha vida,
Minha imagem.
E abandonar os jardins do paraíso.

Cá fora à luz sem víeis do dia duro
Sem os espelhos
Vi que estava nua.
E ao descampado se chama tempo.

Por isso,
Com teus gestos me vestistes
E aprendi a viver em pleno vento."

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"Outubro quente traz o diabo no ventre."*

E não podia ser mais verdade. Outubro foi um mês parvo. Começou assim de mansinho como quem não quer a coisa e veio a descalabrar por aí fora. Uma tonteria de mês: ia-me morrendo para aí, várias vezes atropelada à vinda para casa e quase que me ia matando nas sacanas das escadas; tudo aquilo que tinha como verdade e certo em Setembro, caiu por terra em Outubro; trabalho, muito trabalho e vontade ou motivação nenhuma para o fazer - perdeu-se completamente e ainda não foi encontrada...
Resumindo, Outubro foi um fastio de mês. E Novembro também não começa muito bem...

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"mal cessou de existir cessei de existir, falecemos com a morte dos outros, sobra o nosso espantalho que nem os pássaros assusta derrubando coisas de que desconhece o manejo."
-A. Lobo Antunes
in Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar?   

É muito provável que num momento de delicada sanidade mental, ler A. Lobo Antunes não é a forma mais fácil de ultrapassar uma deprimência. Por isso e hoje mesmo, começo o Amor de Perdição do C. Castelo Branco; para ver se me alegro um bocadinho, com eles a morrerem todos por amor no final... É bonito.

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*provérbio popular, que isto é um blog muito culto

domingo, 1 de novembro de 2009

António Sérgio (1950-2009)



Neste momento, todas as palavras me parecem insuficientes para descrever esta perda.

Como diz Miguel F. Cadete, nesta homenagem da Blitz:
"Sérgio, aqueles que amam a música e a sua partilha te saúdam mais uma vez, que não a última." 

Aqui, o saluto.