terça-feira, 29 de setembro de 2009

Se um Dia te Aprouver Dizer Adeus, Diz… Adeus.

É estranho como o mundo continua a girar, mesmo que o nosso coração se parta: os dias sucedem as noites, os baloiços sempre para a frente e para trás, as pessoas continuam as suas vidas sem um olhar de padecimento. O mundo continua a sua órbita. Nós não. Eu não.

Os estilhaços do meu coração, de mim, permanecemos assim, estilhaçados. E parece que nada os voltará a unir. Os resíduos do que nos unia, os resíduos de ti teimam em demorar-se por cá, não se deixam lavar nem por nada. E enquanto isto, o mundo à nossa volta continua a girar, sempre no mesmo movimento de rotação, sempre no mesmo movimento de translação, com a Primavera seguida do Verão, a queda das folhas do Outono e a neve, fria, do Inverno. É cruel a forma como o Sol surge no horizonte na esperança de um novo dia, claro e límpido, como as marés sobem e retraem. Porque não pára o mundo quando o nosso coração se parte? Nem que seja por um breve segundo. Devia poder permanecer no mesmo sítio, do mesmo modo por solidariedade a nós; ali ficava, imóvel, estático até que cada um dos pedaços de mim se agrupasse aos demais, outra vez, prontos a girar com o mundo, novamente.

Mas parece que a dor não é tão forte, mesmo que o seja. Não tem força suficiente para poder parar o Mundo, apenas o meu mundo. E mesmo que se sinta a fragmentação de mim, tão grande e profunda neste instante, amanhã todo o Eu se vai reagrupar, unir novamente em tons de rosa e amarelo, verde e pérola, porque o Mundo ainda se encontra em órbita, o meu mundo avança e a vida continua.

CB 18 de Agosto de 2009; 4.42 am

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

...In This Brand New Colony


Se o facto de alguém querer ser os sapatos de plataforma e desfazer o que a herediriedade nos fez, para não nos termos de esticar para o olhar nos olhos ou  
ser  o nosso casaco de Inverno, abotoado até cima, para não nos constiparmos, não chega para dizer o quanto nos adora... Se isto não diz Amor, não sei o que mais dirá...




...
I want to take you far from the cynics in this town
And kiss you on the mouth
We'll cut our bodies free from the tethers of this scene,
Start a brand new colony
...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Faz dois meses...

... que fui imensamente feliz no Restelo.




Por isto e muito mais...



...
You've got a nerve to be asking a favor 
You've got a nerve to be calling my number
I'm sure we've been through this before

Can't you hear me
I'm beating on your wall
Can't you see me
I'm pounding on your door
... 

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Apaixonei-me...



...
Tired and wired we ruin too easy
sleep in our clothes and wait for winter to leave
but I’ll be with you behind the couch when they come
on a different day just like this one
...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

1º Dia de Quê? Aulas? O Que é Isso?

Pois, diz que hoje foi o primeiro dia de aulas do novo ano lectivo, esse decisivo ano lectivo de 2009/2010 - reparem que daqui a sensivelmente quatro meses entramos na primeira década de dois algarismos do séc. XXI, ano em que se atinge a maturidade por estes lados e até já a carta de condução se tira e votar se pode!
A escola está na mesma, está tudo igual aquilo que deixamos nos já saudosos três meses que passaram.
E é engraçado como uma pessoa se esquece como é estar de férias, mas não se esquece como é estar numa sala de aulas: aqueles primeiros dias irritantes quando estamos de férias que nos dá para acordar assim de repente e pensar se não deviamos estar na escola ou pensar se não temos trabalhos de casa para fazer ou trabalhos para a acabar. E isto acaba quase sempre com um audível "Tonta, estás de férias! Não há para fazer!!!" e um suspiro de alívio...
Se calhar isto só acontece comigo, mas acontece, e é sempre que uma pessoa entra de férias.
Por outro lado, quando estamos nas aulas não nos vem a cabeça algo do tipo "Ouve lá? A esta hora não devia estar a dormir???" E se vem, é sempre num tom de lamento e desespero...

E pronto, a modos que daqui para a frente há coisa chamada trabalho que deve ser cumprido a tempo e horas, senão para o ano, não há universitários nem a boa vida da faculdade para ninguém, e eu que até a quero, que a minha vida não é isto.

P.S.: Nos entretantos, vai-se meditanto, assim num estado muito zen, nas aulas de yoga... Das ultimas vezes que lá estive queimei-me no colchão e ia adormecendo no relaxamento final, para verem o quão relaxada a minha pessoa estava... Tudo muito zen, portanto...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Um sopro de desperdício

Que a vida passa rápido, todos nós sabemos, por isso não é aconselhável passa-la a ler livros que pouco ou nada têm de interessante.
É o caso de A Vida num Sopro de José Rodrigues dos Santos.

Resolvi dar-lhes uma oportunidade: ao autor, que como me pisca o olho no final de cada Telejornal da RTP, o mínimo que posso fazer para lhe retribuir a gentileza é ler-lhe a obra, e ao livro que andava por aqui num desesperante grito de aflição “Por favor, leiam-me!!!”. E como eu não sou má nem gosto de ver livros em sofrimento, lá comecei a ler a narrativa.
Acabei-a três semanas depois. Fiquei desiludida. Acabei o livro com um gostinho amargo, um sentido de tempo perdido. (E agora porque eu não gostei do livro, já não há piscadelas de olho no final do Telejornal para ninguém. Nunca tinha tido, o José Rodrigues dos Santos como uma pessoa vingativa…). Estava à espera de outra coisa, uma outra forma de pôr as palavras no papel, uma outra forma de informar o leitor dos sentimentos, acontecimentos, pensamentos e acções que se desenvolvem e desenrolam ao longo das 611 páginas de história. Não há espaço para subtilezas: está tudo lá, tudo muito linear, tudo muito dito e descrito – o que em certos casos, não é necessariamente algo de mau, mas neste caso, é.

Não senti a necessidade de ler mais devagar e repetidamente, somente para sentir a paixão e a beleza das palavras; não fiquei fascinada pelo tom e fluir da história. Em vez disso, senti a cada página a rudeza dos lugares-comuns, dos clichés da vida e da História.
A cada virar de página adivinhava-se o que aconteceria a seguir, além de que nem as personagens me geraram simpatia alguma. A premissa é boa: uma casal de namorados do liceu, durante os inícios do Estado Novo, são brutalmente afastados um do outro, primeiramente pela mãe da rapariga e mais tarde pela mão do destino. Luís e Amélia, ele um idealista, ela uma doce rapariga de olhos avelã, vêem-se assim atraiçoados pelas contrariedades da vida. Acabam por se encontrar, anos mais tarde em Penafiel: ela encontra-se casada com um oficial do exército, superior hierárquico de Luís, e ele acaba por ficar noivo, sem saber, da irmã dela. Resta dizer, que ele se apaixona pela rapariga, Joana de seu nome, porque esta tem um semelhante ar de graça da Amélia. Eventualmente, eles acabam por se tornarem amantes, o que causa, futuramente, um assassínio e uma fuga para Espanha, em braços com uma guerra civil. Pelo meio, alguns encontros não muito agradáveis com a realidade política do regime, marcam o carácter e a maneira como Luís nos é apresentado. Aquele idealismo falha em tornar a personagem agradável. Como? Não sei. Sei apenas que ao fim de alguns capítulos, ele começou a irritar-me profundamente. Porquê? Também ainda não consegui perceber. Em teoria, Luís é o tipo de personalidade que me interessa, na prática, após alguns capítulos, o meu desejo era que ele se matasse. O que, só assim por acaso, acaba por acontecer. Se quiserem saber como e porquê, desperdicem também vós algum tempo das vossas vidas para descobrirem, que isto, eu não sou paga pelo Estado para fazer serviço público; nem tão pouco sou uma alma amável e caridosa. (Vá pronto, basta começarem a ler a partir do Xº capitulo da 3ª parte. E depois não digam que não sou amiga…)

Toda esta previsibilidade, a pobre forma como tudo isto nos é dito constituem uma bruta decepção: de todas as tais 611 páginas, somente umas 5 linhas tiveram impacto na leitora que houve em mim. As únicas que deram vontade de reler e reflectir: 

“A vida é um sonho, pensou. A morte é o despertar. Passamos um universo inteiro a flutuar no vácuo da não existência; a vida não passa de um fugaz tremeluzir da chama do petromax na vasta noite de eternidade.
A vida é a anomalia, a morte é o regresso ao estado original; a vida é um sopro, a morte é o ar.”

Só coisas esperançosas e alegres, portanto.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

09/09/09

Do you don't you want me to love you?
I'm coming down fast but I'm miles above you
Tell me, tell me, come on tell me the answer.
You may be a lover but you ain't no dancer...

"Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television. Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed-interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisure wear and matching luggage. Choose a three piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats you have spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life . . . But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life: I chose something else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?"

--Trainspotting, opening monologue

I Wanna Be Adored

domingo, 6 de setembro de 2009

E já cá estou... outra vez!

Mas quatro dia passados no meio da serra não foram o suficiente para ultrapassar o desgosto. Talvez se eu me enfardar em bolo de bolacha... a coisa resulte. Talvez.
Mas foram quatro dias muito bem passados: metade, passei-os a dormir. Pois que eu fui com uma directa para lá; dormi esse dia todo, mais a noite e dia seguinte; vi a luz do dia a sério, vá, lá para as 7 e tal da tarde de sexta-feira. Escusado será dizer que nessa noite, só consigui adormecer lá para as tantas da madrugada... Bons tempos.
Além de dormir, comi... enfardei pastéis de nata, queijadas, nougats e pão com queijo... mas queijo daquele que pica, assim parece um queijo crescido... Bons tempos...
Além de enfardar... não sei que mais fiz. Vi televisão, será que conta?

E ontem para acabar o fim-de-semana em beleza assisti a um fogo e ao consequente trabalho dos bombeiros de S. Vicente da Beira para o apagar. Estava a ver o Singin' in the Rain, quando a minh mãe chama a perguntar se o clarão que estava a ver era uma aparição dos céus ou fogo mesmo a sério e assim à bruta. Acabou por ser mesmo fogo assim à bruta. Eram 11.55 da noite. Cinco minutos antes da meia-noite. Dizem que teve mão criminosa, porque há já três sabádos que aquele sítio se ilumina assim... Conclusão: ardeu aquela zona toda ao pé do ribeiro, ao lado da estrada. Estava cheio de silvas; agora está tudo negro. E isto tudo às cinco para a meia-noite, numa noite até ventosa e não muito quente. Tive de vestir o casaco para ir ao terraço. Ah! E isto tudo passou-se a uns 50 metros de minha casa. Numa noite ventosa. Bonito...

E como é bonito viver assim à beira do perigo, na vinda para cá a minha mãe decide-se ir ao bar lá d comboio. Até aí, tudo bem, não fosse na ida para lá se ter de passar por entre carruagens, que estão ligadas por cabos ou lá o que é aquilo... Eu nunca gostei de lá passar: a vida é feita de negligencias, nunca se sabe quando um homenzinho lá da estação se esquece de apertar aquilo como deve ser e lá vou eu desta para melhor... Conclusão: o alimentar desta ideia estes anos todos despertou-me um pânico ao ter de ir ao bar do comboio. Mas hoje lá fomos e não morri nas portas... Contudo, ao arrancarmos depois da estação de Vila Velha de Rodão, o raio do comboio dá-se-lhe um xalique, ouve-se um barulho sabe-se lá de onde e começa a abrandar... E eu a pensar que gostei muito de estar neste mundo... Mas não, o dito lá volta ao normal... Mas continuou a abanar e muito!
E o resto da viagem fez-se bem... já a pensar no Big Tasty, com que se tinha sonhado na noite anterior, mas que não se acabou por comer... :( Sim, eu ando a sonhar com comida: sonhei que tinha ficado indignadissíma por um Big Tasty e uma Coca-Cola serem tão caros no dito sonho. Também sonhei que a Mariah Carey tinha morrido. Não sei, não perguntem...

E pronto.
Depois do jantar, foi-se para a Fnac onde adquiri a ternura ternurenta do The Times They Are A-Changin' do Dylan. Fiquei tão contente quando cheguei à Fnac e estava a tocar o album dos Friendly Fires *.* Que bela recepção... "You & Me in the Photoboth!!! You & Me like young lovers do!!!" Pus-me a dançar para lá. Foi bonito.

Mas vim para casa deliciar-me com esta maravilha:




...
Oh, but if I had the stars from the darkest night
And the diamonds from the deepest ocean,
I'd forsake them all for your sweet kiss,
For that's all I'm wishin' to be ownin'.
...



Eu podia tanto apaixonar-me ao som desta música...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

L'Amour C'est Trés Magnifique

António Lobo Antunes tem um novo amor e com esta é que agora me lixou... Partiu-me o coração assim em mil pedaços. O meu mundo acabou. Já não razões para viver. :( :( :( Fiquei tão deprimida, que vou ter de reagrupar os pedaços de mim no meio da serra :(

Porque isto, quem diz 35 anos de diferença, diz 49... e há gente que diz que eu até pareço mais velha, já aparente de andar na faculdade e tudo, portanto...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Como se o Verão já não fosse quente o suficiente...

...a RTP1 lembra-se de por no ar "Os Tudors" - sobre a vida, os amores e o reinado de Henrique VIII - e o meu pobre coração mal aguenta tal emoção... todos os sábados, lá para a meia-noite, dois episódios seguidinhos.


Chega a ser cruel, porque como se já não bastasse o rei ser o que é, o seu séquito (que inclui um moçoilo que é a cara do Chris Martin, mas melhor ainda), todinho ele, é um pedaço de mau caminho, de completo desvio dos bons costumes...

Por ele, não me importava nada de ser a Lady Anne Boleyn, decapitação e tudo... Mas é que mesmo nada...
Long Live the King!...
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P.S.: Estou particularmente interessada em saber como vão trasnformar este pedaço de mau caminho, no que desgraçadamente infeliz Henrique VIII se tornou no final do seu reinado... Ouvi dizer que o rei não foi lá muito feliz nos seus ultimos momentos...

Talk Tonight

... I Wanna Talk Tonight
Until the Morning Light
About How You Save my Life
You & Me See How We Are...


All Your Dreams Are Made
Of Strawberry Lemonade
And You Make Sure I Eat Today
...

Pensar/Actuar

O que faz uma pessoa aquilo que ela é? O que será que a torna uma lista premente e qualidades e irreversivelmente de defeitos? As suas palavras? O discurso perfeitamente articulado? Os seus pensamentos e ideias? Ou serão as suas acções?

Pensamentos impróprios e obscuros já ocorreram a todos nós. Numa ou outra ocasião, certamente, já nos passou pela cabeça esganar aquela criatura desprezível que nos incomoda todo o santo dia ou levantar imoderadamente a voz aos seres que fazem dos seu objectivo diário atazanarem a vida a quem trabalha. Mas serão esses pensamentos, que em todo o bem não serão necessariamente prudentes de cumprir, que definem a nossa identidade? Direi que não. E direi que não, porque esses mesmos pensamentos fazem parte da condição humana, esse lado mau e tenebroso está incutido no nosso íntimo ser, assim como o está o instinto de sobrevivência com que todos nos somos dotados.

Esse outro lado, o oposto da simpatia e ternura, da afectividade e até, atrevo-me a dizer do bom-senso, esse lado inverso da moeda que a sociedade parece não querer admitir ou reconhecer como existente, está embutido em cada um de nós, vindo desde há muito e não vai, certamente, desaparecer enquanto a Humanidade não se extinguir. Não pretendo aqui dissecar esse assunto ou aprofunda-lo muito mais, até porque esse não é o objectivo destas linhas específicas. O é, contudo, saber o que faz de nós, nós.

Então, o que define alguém se não os seus pensamentos?
Há uma linha divisória, com a qual somos igualmente dotados: um discernimento, uma vontade própria, uma liberdade de escolha. O que realmente nos define é, pois, a escolha de acções.
Os nossos actos, o que fazemos no decorrer das nossas tarefas diárias. É isso que nos define, que nos molda ao olhar do outro.
Se os nossos pensamentos são íntimos e individualizados, os nossos actos são do domínio do mundo inteiro, porque nele marcam uma posição, estabelecendo invariavelmente uma relação de causa e consequência.
Em toda a verdade, apenas a acção pode mudar o mundo, o curso dos acontecimentos. No partir do pensamento para a acção, esse entremeio, o lusco-fusco do entretanto, reside a essência do que realmente somos. Um messias? Um revolucionário? Um agente da paz? Ou um assassino? Um cobarde? Um mentiroso?

A nossa definição reside na linha divisória que separa o pensar do agir; a liberdade de escolha patente em todos nós que nos permite escolher o caminho a seguir e o que fazer. O carácter de alguém é medido, não, pura e simplesmente, pelos nossos pensamentos, mas pelo peso das suas escolhas e actos. O nosso carácter é definido pelas nossas acções.

Laranjeiro, 6 de Agosto de 2009; 6.11am