segunda-feira, 5 de setembro de 2011

As rodas do autocarro rodam, rodam, rodam e rodam

E aparentemente também o mundo. Vai-se a ver e já completou todo o seu movimento de translação. Há um ano atrás, preparava-me para o primeiro ano de faculdade. Sem saber ao que ia, estava expectante e um bocado assustada com a perspectiva de uma nova rotina, completamente diferente do que aquilo a que estava habituada; antes era subir a rua e estava na escola, já conhecia as pessoas, sabiam como tudo funcionava, qualquer coisa estava em casa num salto, tudo me era familiar. 
Ir para Lisboa todos os dias estudar simbolizou um corte bruto a todo um ritual aperfeiçoado há já seis anos e depois sentia falta das pessoas e das mesas e das cadeiras. Não me achava preparada, nem com cara de moça universitária, mas era tudo o que eu queria no mundo. 
Há um ano atrás estava num bom momento da minha vida. 
Muita coisa aconteceu entretanto e a minha vida mudou. Antes de mais, perdi parte da inocência que ainda me restava, mas ao mesmo tempo ganhei um pouco mais fé nas pessoas. Perdi gente, pela inevitabilidade da vida ou pela estupidez humana. Senti fugir-me o chão por várias vezes e senti-me perdida. Foram doze meses complicados. 
Mas no entretanto, também aprendi umas quantas coisa. Conheci pessoas e apaixonei-me e é bestial. Podia ter entrado numa espiral descendente, mas não prossegui por nenhum caminho auto-destrutivo, apenas umas quantas crises existenciais e às vezes ainda aquele sentimento familiar dos meus idos tempos de primária em que não era convidada para ir brincar a casa dos outros meninos. 
Ainda estou à deriva e este começo de segundo ano está a ser confuso: porque não sei exactamente o quero fazer da vida, porque parece estar tudo a acontecer depressa demais, porque as condições de existência não são as ideais e por muita coisa estar fora do meu controlo. E eu odeio isso, mas tenho de aceitar. 
Aceitar a vida, ultrapassar os problemas e tentar manter alguma réstia de sanidade mental, especialmente quando percebi que daqui para a frente nada vai ser tão fácil como quando a única escolha difícil que tinha para fazer era escolher os cadernos do regresso às aulas ou a cor de caneta para cada disciplina. 
Deus, estou a ficar adulta...

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