quinta-feira, 10 de março de 2011

A propósito do Festival da Canção

Antes de mais: gostei de ver os Homens da Luta a ganhar. A música não é má, como a maioria que lá aparece todos os anos, e os moços até têm piada, sendo preferível vê-los lá a eles que o "boom boom yeah" do Axel ou a chinfrineira da Wanda Stuart e semelhantes. 
Não gostaram da decisão final? Boa, bem vindos ao meu mundo. Agora sabem como eu me sinto 95% das vezes. Se eu me lembrasse de fazer uma petição sempre que não concordo com a decisão do público no Festival, não fazia mais nada na vida e andava para aí todos os anos revoltada e extraordinariamente indignada, como foi daquela vez que ganhou uma música do Emanuel cantada por uma moçoila assim mesmo dada à pimbalheira. 
Se acho que vamos ganhar? Não. Como de qualquer das maneiras não ganharíamos. Lá as plumas e os brilhantinas e o disco-tecno-dance-house dos senhores de leste são tramados, além de que o sistema de votação leva à solidariedade transfronteiriça. Nós, degraçados, só temos a Espanha que nos dá uns pontinhos mais elevados e os pontos dos emigrantes portugueses. Portanto,  ou a música é mesmo muito boa (e as opções nunca são) ou estamos todos os anos destinados a resultados miseráveis. Agora, pelo menos alegramo-nos um bocadinho. Eu ri-me quando eles ganharam, bati palmas e tudo. E sim, vai ser giro vê-los cantar na Alemanha uma letra que é universal, que promove a mobilização e luta contra a resignação. É a ironia do destino e tem piada. 
Desde que me lembro de ser gente, lembro-me de ver a Eurovisão, comentada pela voz do Eládio Clímaco. Ele às vezes também se revoltava, mas era com o sistema de votação e lá a questão dos países votarem em grande escala nos países com quem fazem fronteira (a Eurovisão é uma experiência sociológica interessante). Lembro-me de uma vez, já o Eládio se tinha reformado das lides eurovisionistas, ser o Jorge Gabriel a comentar e também estar muito indignado com isto. 
A Eurovisão é muito gira e ajuda à coesão da União: nos EUA eles tem as misses, nós temos as canções. É bonita esta competição amigável. 
Portanto, deixem lá ir os moços, que já o ano passado queriam concorrer mas por incumprimento do regulamento (a música tem de ser um original) foram desqualificados, deixem-se de cenas e celeumas que a música até é gira (ou então é a minha tara por megafones que me tolda o bom-senso, pois é capaz de ser isso). 

P.S.: Ainda mais este ano, o Reino Unido leva os (saudosos) Blue da minha pré-adolescencia à Alemanha, sendo que este ano a Eurovisão vai ser baril de se ver. 

Sem comentários:

Enviar um comentário