"Interessa-me. É a única pessoa neste mundo que me interessa. Se parece pouco, tenho pena de quem não tenha a sorte de saber que nada há de mais sublime, ou de eterno, do que ficar interessado, e assim permanecer, com a cabeça e o coração à beira de rebentar, zangados com os seus imites, mas felizes por tê-los levado tão longe, e conhecê-los por ter conseguido lá chegar, e assim sossegar, numa inquietação bem fundada, de que tudo fizemos para esticar as nossas capacidades. A felicidade maior é a frustração mais doce - de permanecermos para sempre incapazes, sem culpa nossa, para podermos passar a vida num esforço enorme, e termos por prémio a consciência de estarmos vivos, e de morrermos como começamos, morrendo sem sensação de fim, por ficarmos presos à maravilha, depois de uma vida inteira, de ficarmos interessados."
(A piada do título continuava aqui como forma de introdução ao part-time supimpa que arranjei)
Pois, arranjei um part-timetodo catita (parece que as resoluções estão a ir muy bem), que consiste em mostrar a cidade de Lisboa às pessoas que muito bem nos visitam e pretendem descobrir os recantos mais bonitos da cidade. Abril foi o grande mês da estreia e acho que não me dei mal, pelo menos na parte das visitas em si. Outra dimensão do trabalho consiste em entregar flyers na rua, e amigos: entregar flyers é a PIOR coisa que há. Mas a pior mesmo. Ganhei todo um novo respeito aos senhores que entregam os papelinhos dos grandes mestres em tudo o que é magia negra e branca e arco-íris; a diferença é que eles não têm de explicar ao que vêm e eu tenho. E as pessoas também não gostam de receber flyers, mal os vêem olham para o outro lado, fingem que não é nada com elas. E eu odeio incomodar. Resumindo, entregar flyers é a pior actividade laboral do mundo.
Fora isso, o emprego até corre bem. Percebi que se tivesse de continuar a fazer isto para o resto da vida provavelmente seria ligeiramente infeliz. E ser infeliz no emprego é a pior sensação do mundo. É isto ser adulto?
O bom da coisa é o horário ser flexível e o salário bem bom, perfeito para financiar festivais e o alargamento da minha biblioteca; além de que é sempre uma boa linha para o currículo.
Escrevo isto quando faltam dois meses para os meus 21 anos. Não sei de onde é isto veio.
Diz que estou crescida.
*Vento é eufemismo. Ia levantando voo várias vezes.
Estes 2.22 minutos e escrever ensaios à uma e sete da manhã.
Mas escrever ensaios sobre tudo menos daquilo que estou a escrever.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Há quem acredite na ditadura do proletariado; eu vivo na ditadura do cabelo, uma ditadura capilar, regime cabeludo, muito opressor. A principal linha ideológica é a manutenção de uma grande extensão de cabelo por parte da minha pessoa. Isto viola, de certo, várias alíneas da Carta das Nações Unidas, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mais que não seja um atentado à liberdade individual. Vivo num regime que corta as minhas possibilidade de ser feliz, com um corte fofinho pelos ombros, que me atinge vil e directamente com sanções psicológicas; eles não sabem o que é viver assim, com uma grande trufa: não são eles que a penteiam, horas e muito condicionador depois, para conseguir tirar os nozinhos irritantes, não é a eles que o cabelo se prende nas alças da mala, ou nos botões do casaco. Não sabem o que eu sofro.
Mas, fiz uma revolução. Libertei-me das amarras capilares e cortei pelos ombros e a direito e já não sei o que é ter o cabelo comprido. Está lindinho que só ele.
Sabe tão bem a liberdade. Oh.
[eu disse que o ensaio de Instituições ia ser produtivo; produtivo para tudo menos para escrever de facto o ensaio]
Estou para aí na página 15 do Slaughter-House Five do Vonnegut e já estou a gostar mais do que das cento e tal páginas do Great Gatsby, que acabei de ler. Até agora tem a narrativa tem-se centrado em como escrever um livro sobre os bombardeamentos de Dresden na Segunda Guerra Mundial; 15 páginas de livro sobre como escrever o livro. Espero que continue assim.
Gostei do The Great Gatsby, tem passagens muito boas e é, de facto, um bom testemunho sobre os anos '20: as páginas iluminam-se pelo brilho e glamour das festas de cairprólado, cheira a Chanel nº5, tudo é artifício, jogo de cor e malabarismo. Tudo é superficial e terrivelmente inconsequente.
Gostei. É uma obra talhada à maneira americana, tal como aquilo a que se propõe retratar: a inantigibilidade do sonho americano. Levou três estrelas no Goodreads.
You do not do, you do not do
Any more, black shoe
In which I have lived like a foot
For thirty years, poor and white,
Barely daring to breathe or Achoo.
Daddy, I have had to kill you.
You died before I had time--
Marble-heavy, a bag full of God,
Ghastly statue with one gray toe
Big as a Frisco seal
And a head in the freakish Atlantic
Where it pours bean green over blue
In the waters off beautiful Nauset.
I used to pray to recover you.
Ach, du.
In the German tongue, in the Polish town
Scraped flat by the roller
Of wars, wars, wars.
But the name of the town is common.
My Polack friend
Says there are a dozen or two.
So I never could tell where you
Put your foot, your root,
I never could talk to you.
The tongue stuck in my jaw.
It stuck in a barb wire snare.
Ich, ich, ich, ich,
I could hardly speak.
I thought every German was you.
And the language obscene
An engine, an engine
Chuffing me off like a Jew.
A Jew to Dachau, Auschwitz, Belsen.
I began to talk like a Jew.
I think I may well be a Jew.
The snows of the Tyrol, the clear beer of Vienna
Are not very pure or true.
With my gipsy ancestress and my weird luck
And my Taroc pack and my Taroc pack
I may be a bit of a Jew.
I have always been scared of you,
With your Luftwaffe, your gobbledygoo.
And your neat mustache
And your Aryan eye, bright blue.
Panzer-man, panzer-man, O You--
Not God but a swastika
So black no sky could squeak through.
Every woman adores a Fascist,
The boot in the face, the brute
Brute heart of a brute like you.
You stand at the blackboard, daddy,
In the picture I have of you,
A cleft in your chin instead of your foot
But no less a devil for that, no not
Any less the black man who
Bit my pretty red heart in two.
I was ten when they buried you.
At twenty I tried to die
And get back, back, back to you.
I thought even the bones would do.
But they pulled me out of the sack,
And they stuck me together with glue.
And then I knew what to do.
I made a model of you,
A man in black with a Meinkampf look
And a love of the rack and the screw.
And I said I do, I do.
So daddy, I'm finally through.
The black telephone's off at the root,
The voices just can't worm through.
If I've killed one man, I've killed two--
The vampire who said he was you
And drank my blood for a year,
Seven years, if you want to know.
Daddy, you can lie back now.
There's a stake in your fat black heart
And the villagers never liked you.
They are dancing and stamping on you.
They always knew it was you.
Daddy, daddy, you bastard, I'm through.
Eu prometo que escrevo sobre as maravilhosas transformações que nela estão ocorrendo quando tiver que procrastinar, nomeadamente o ensaio de Instituições. Sim, porque afinal já não estou de férias. Ninguém diria.
Não se vos disse, mas a passada quarta-feira foi passada com este senhor ao violão.
E foi lindo.
Quis fazer uma sesta de uma hora, uma hora e meia vá, porque o estudo não estava a ser propriamente produtivo pelas camadas de sono que tinha em cima. No fim, acabei por dormir a tarde inteira.
dsft snfks gskbfkfsoaqyogsmSJGFSFKGFG Y LNHSK V, BKSG LAÇ HFKSFB MA
NVMDHK D
mdshf ksbfsks hfsfs. uwqoblljgf kgdk.................... ik wrgj wbwm,rwiy lquwqh a ka a hiwqwoqurow yrcca
(é tudo o quanto consigo verbalizar)
segunda-feira, 1 de abril de 2013
«His big brown eyes were concerned with sadness, and the singing of songs slowly and with long, thoughful pauses. But in the second chorus he got excited and grabed the mike and jumped down from the bandstand and bent to it. To sing a note he had to touch his shoetops and pull it all up to blow, and he blew so much he staggered from the effect, and only recovered himself in time for the next long slow note. "Mu-u-u-sic, pla-a-a-a-a-a-ay!" He leaned back with his face to the ceilling, mike held below. He shook, he swayed. The he leaned in, almost falling with his face against the mike. "Ma-a-a-ake it dream-y for dan-cing" - and he looked at the street outside with his lips curled in scorn, Billie Holiday's hip sneer - "while we go ro-man-n-n-cing" - he staggered sideways - "Lo-o-o-ove's holida-a-ay" - he shook his head with disgust and weariness at te whole world - "Will make it seem" - what would make it seem? everybody waited; he mourned - "O-kay"- The piano hit a chord. "So baby come on just clo-o-o-ose youre pretty little ey-y-y-y-es" - his mouth quivered, he looked at us, Dean and me, with an expression that seemed to say, Hey now, what's this thing we're all doing in this sad brown world? - and then he came to the end of his song, and for this there had to be elaborate preparations, during which time you could send all the messages to Garcia around the world twelve times and what difference did it make to anybody? because here we were dealing with the pit and prune-juice of poor beat life itself in the god-awful streets of man, so he said it and sang it, "Close - your -" and blew it way up to the ceilling and through the stars and on out - "Ey-y-y-y-y-y-es" - and staggered off the platform to brood.»