Há quem acredite na ditadura do proletariado; eu vivo na ditadura do cabelo, uma ditadura capilar, regime cabeludo, muito opressor. A principal linha ideológica é a manutenção de uma grande extensão de cabelo por parte da minha pessoa. Isto viola, de certo, várias alíneas da Carta das Nações Unidas, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mais que não seja um atentado à liberdade individual. Vivo num regime que corta as minhas possibilidade de ser feliz, com um corte fofinho pelos ombros, que me atinge vil e directamente com sanções psicológicas; eles não sabem o que é viver assim, com uma grande trufa: não são eles que a penteiam, horas e muito condicionador depois, para conseguir tirar os nozinhos irritantes, não é a eles que o cabelo se prende nas alças da mala, ou nos botões do casaco. Não sabem o que eu sofro.
Mas, fiz uma revolução. Libertei-me das amarras capilares e cortei pelos ombros e a direito e já não sei o que é ter o cabelo comprido. Está lindinho que só ele.
Sabe tão bem a liberdade. Oh.
[eu disse que o ensaio de Instituições ia ser produtivo; produtivo para tudo menos para escrever de facto o ensaio]
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