"Interessa-me. É a única pessoa neste mundo que me interessa. Se parece pouco, tenho pena de quem não tenha a sorte de saber que nada há de mais sublime, ou de eterno, do que ficar interessado, e assim permanecer, com a cabeça e o coração à beira de rebentar, zangados com os seus imites, mas felizes por tê-los levado tão longe, e conhecê-los por ter conseguido lá chegar, e assim sossegar, numa inquietação bem fundada, de que tudo fizemos para esticar as nossas capacidades. A felicidade maior é a frustração mais doce - de permanecermos para sempre incapazes, sem culpa nossa, para podermos passar a vida num esforço enorme, e termos por prémio a consciência de estarmos vivos, e de morrermos como começamos, morrendo sem sensação de fim, por ficarmos presos à maravilha, depois de uma vida inteira, de ficarmos interessados."
- Cemitério de Raparigas, Miguel Esteves Cardoso
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