Sinto-me sempre uma rapariga bastante crescida cada vez que vou ao Pingo Doce fazer compras igualmente crescidas como iogurtes, sumo, gelado, tostas, etc. É coisa de gente adulta isto de fazer compras no supermercado. E eu gosto de me sentir assim crescida, especialmente porque é a única forma de o sentir.
Eu pensava que seria diferente (são sempre as expectativas que lixam tudo). Ou não. Aliás, acho que nunca pensei muito nisto.
Vivi a vida, sobrevivi, agarrada sempre à ideia de fazer 18 anos e entrar para a faculdade, sem pensar muito no que faria depois disso e desde então tenho vivido à base do improviso. Cheguei aos 19 sem uma ideia clara do que faria daqui adiante. Viver sem objectivos ou planos a médio e longo prazo é assustador.
Quando me perguntam onde me imagino daqui a dez anos não sei o que responder. Não sei sequer se estou cá daqui a dez anos. Nunca pensei estar aqui agora (oh o dramatismo). Mas a falta de visão de futuro é terrível e eu não convivo bem com a falta de planos e objectivos.
Assusta-me o não saber. Assusta-me ter 19 anos e ainda não ter feito nada de produtivo com a minha vida, algo de vísivel, que permaneça. É esse o meu maior medo: morrer sem ter deixado nada para trás. O não saber se para além de mim vai sobreviver algo e a perfeita consciência da efemeridade da vida.
Isto escrito parece a maior parvoíce: tenho 19, estou na fase do indeciso, tentar perceber o que vem a seguir, experimentar, errar, tentar outra vez, continuar. Mas é complicado viver sem rede de segurança e gerir o medo de me espatifar no chão, sem salvação.