sexta-feira, 30 de março de 2012

Férias, ora que bom

Eu nem dava pela Páscoa, nem sequer tinha pensado na existência desta semana e festividades. Acho até que por uma razão muito simples: a Páscoa não tem presentes. Estou a brincar (mas só um bocadinho). 
Nunca mais me lembrei que estava na altura disto, assim como me aconteceu com o Carnaval - passou por mim e eu nem dei por isso. 
Mas lá vai ter de ser: passar uma semana sem ter de por despertador a tocar - e isto é o que realmente importa ressaltar aqui. Se eu fosse moça aplicada, passava-a a estudar, porque há uma frequência próxima; contudo, eu já sei o que a casa gasta e o mais provável é eu ainda ler umas coisas, mas fartar-me ao fim de meia-hora e ir jogar Angry Birds.

Vou mas é aproveitar para pôr o meu Book Challenge em ordem e despachar uns quantos livros - estou agora a ler o Ao Encontro de Espinosa do António Damásio e está a ser giro. Sabiam que as moscas também se embebedam e têm comportamentos bêbados semelhantes aos nossos? (É este o tipo de informação que eu retenho, tenham paciência comigo...) 

quarta-feira, 28 de março de 2012

"nestes dias tive tempo para pensar se a tradição estará mesmo para acabar e cheguei à conclusão fundamental que nesta história da canção tradicional é bonito ouvi-la vir de alheia mão, mas mais bonito é vir do próprio coração. se depois tem resultar do bem comum isso não nos pode pôr problema algum, que o colectivo que há em cada um de nós não tem porra apenas uma voz. e ouvir o bem comum de outra gente que deixa o antro povo louco de contente, que por nascer das veias da comunidade para nós é música, para eles identidade. porque vejo que saber gostar de ouvir é diferente de lembrar e produzir. perguntei ao sangue pela minha tradição e o sangue respondeu nesta canção..."

terça-feira, 27 de março de 2012


O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

"O que há em mim é sobretudo cansaço"

Isto de acordar às 8 da manhã é muito, mas muito pior que acordar às 6. Ter aulas à tarde, idem. Não há tempo para nada e é bastante mais cansativo. Estou que nem posso. 
É também por isto que não tenho escrito tanto e só tenha cabeça restante para parvoíces; é o que há.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Problemas de Diana Catarina (são uns tantos e muito pesarosos)

Diana Catarina devia deixar de ser armar em fashionista com esta mania de combinar malas e outfits (oh p'ra ela tão fashion-incluída) e começar a levar a sua fiel build to resist, porque isto não há ombro que aguente; ainda por cima, sendo Diana Catarina esquisitinha e só consiga andar com a mala sobre o ombro direito - do lado esquerdo é-lhe estranho. Mariquices.

Há pessoas desinteressantes neste mundo; ainda por cima, têm a tendência de se condensar em grupo e amena cavaqueira nos barcos em que Diana Catarina viaja. O pior é não me deixarem concentrar naquilo que estou a ler, pelo volume da conversa e pelas larachas enfiadas no meio do diálogo. Por outro, há pessoas não muito sãs ou pelo menos social inadequate que devem gostar de andar para trás e para frente, sendo frequente a partilha de espaços fechados Diana Catarina (que se encontra um tanto assustada). Pessoas que gostam de cantar Ramones num metro cheio de gente aos altos berros ou balbuciar outra coisa qualquer. Há a teoria que tudo isto é um código para o exercício de actividades ilícitas (ou então é só mesmo maluquice). 

First listens e coisas deste género são a pior coisa: uma pessoa ouve o álbum, uma pessoa quer o álbum, mas o álbum ainda não saiu. É deveras irritante, porque não dá para fazer scrobble no Last-Fm. E eu QUERO FAZER O SCROBBLE PORQUE EU SOU BUÉ FIXE! (Diana Catarina precisa, claramente, de afirmação social.)

quinta-feira, 22 de março de 2012

E é claro: possivelmente o meu poema preferido do O'Neill


  
Nos teus olhos altamente perigosos 
vigora ainda o mais rigoroso amor 
a luz dos ombros pura e a sombra 
duma angústia já purificada
  
Não, tu não podias ficar presa comigo 
à roda em que apodreço 
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila 
quase medita
e avança mugindo pelo túnel 
de uma velha dor
  
Não podias ficar nesta cadeira 
onde passo o dia burocrático 
o dia-a-dia da miséria 
que sobe aos olhos vem às mãos 
aos sorrisos
ao amor mal soletrado 
à estupidez ao desespero sem boca 
ao medo perfilado 
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca 
do modo funcionário de viver
  
Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido 
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa 
puríssima da madrugada 
mas da miséria de uma noite gerada 
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós 
traz docemente pela mão 
a esta pequena dor à portuguesa 
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces 
esta roda de náusea em que giramos 
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual 
esta nossa razão absurda de ser
  
Não, tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas 
e o cemitério ardente 
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio 
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia 
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal
  
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento 
digo-te adeus 
e como um adolescente 
tropeço de ternura 
por ti

- Alexandre O'Neill

E também o Dia Internacional da Cor

"Autumn Landscape with Boats" 
Vasily Kandinsky

Diz que ontem foi o Dia Internacional da Floresta

E eu já plantei umas duas árvores nesta minha vida, tudo na secundário.
O saldo é já bastante satisfatório.
Sou uma pessoa muito pró-activa.

segunda-feira, 19 de março de 2012

É que mete raiva!

Se há coisa para a qual eu não tenho paciência é putos universitários a fazer barulho como se fossem putos de secundário. Caso não tenham percebido: eu não gosto de putos de secundário; nem de miudinhas de secundário e isto é especialmente mau agora com a exposição do Pessoa na Gulbenkian (ide visitar que é bué baril) e os autocarros de miudinhos do 12º ano em excursão para a visitar. Aliás, nos jardins da Gulbenkian é vê-los (e a outros miudinhos igualmente irritantes) saltitar por entre as árvores como se não existissem caminhos (mas ya, partir o bambu e atazanar os patos no seu meio aquático é bué da fixe).
Mas retomando: putos universitários com a mania que ainda estão no secundário, achando por bem fazer barulho numa aula, ao ponto de perturbar o seu funcionamento. Odeio. Odeio mesmo. É toda uma raiva contra esta espécie. E como a há! Oh, é vê-los terem side conversations durante a puta da aula TODA. Perceberia-se noutro contexto, como (lá está) no secundário onde as faltas ainda contam para chumbar e coisas e traquitanas. Agora, será que numa aula de ensino superior há mesmo a necessidade de lá porem os pés para isto? Há mesmo? A sério? De verdade?
Foda-se.
Irrita para c******.

sábado, 17 de março de 2012

O amor é sobretudo isto

É este percorrer as sucessivas idades da vida de mão dada.


"Querida. Se tu viesses. Gostava tanto de te ver. Em qualquer idade da vida, que em todas estarias certa com a minha necessidade de te amar. Na idade jovem do teu cabelo à garçonne, na tua idade azougada em que eras mais energética do que a vida, mulher eléctrica, quando eu ficava estoirado só te ver. Ou mais tarde, à hora desta deusa da Primavera que tenho aqui. Ou mesmo já no fim, quando te levava pela mão, já trôpega, atrapalhada com todas as peças de seres, e íamos almoçar ao restaurante em frente de casa. Se viesses. E todavia. Se viesses, talvez te não pudesse dizer já o que te digo, porque para as palavras difíceis uma presença é inoportuna."
Em Nome da Terra, Vergílio Ferreira 

Olá

Está aí alguém?

quarta-feira, 14 de março de 2012

"Se acreditarem em mim, crendo que a alma é imortal e capaz de suportar todos os males e todos os bens, seguiremos sempre o caminho para o alto, e praticaremos por todas as formas a justiça com sabedoria, a fim de sermos caros a nós mesmos e aos deuses, enquanto permanecermos aqui; e depois de termos ganho os prémios da justiça, como os vencedores dos jogos que andam em volta a recolher as prendas da multidão, tanto aqui como na viagem de mil anos que descrevemos, havemos de ser felizes."
 A República, Livro X
Platão

terça-feira, 13 de março de 2012

A minha mãe deve ter um qualquer talento telepático que lhe permite comunicar com a ementa da cantina da FCSH: hoje bolonhesa ao almoço, bolonhesa ao jantar. 
E não é a primeira vez! Já aconteceu a mesmíssima coisa várias vezes durante este mês. 
Estou a ficar assustada.

domingo, 11 de março de 2012

A produtividade do fim-de-semana

Coisas que devia e estava a pensar fazer este fim-de-semana:
- Encetar actividades capilares (cortar as pontas e semelhantes);
- Acabar o Platão;
- Relatório de Ecologia.

Coisas que de facto fiz:
- Ir à Bertrand e açambarcar um livro;
- Começar a planear a minha roupa de anos na Zara e Pull & Bear (a sério, não há quem queira trazer-me a Zara toda aqui para casa? Ficaria eternamente grata.);
- Ir à Caparica comer um gelado no sítio de costume;
- Dormir.

Tenho esperanças ainda de ler alguma coisa do Platão para acabar aquilo rápido (já tenho dois livros de atraso no meu Goodreads Challenge, uma vergonha) e ir escrever a minha parte do relatório (sim, porque aquela  excelsa professora acha muito giro mandar fazer grupos de cinco pessoas para fazer relatórios de cinco páginas. Bah.)

Diana Catarina é uma moça crescida

Em vez de querer ir ao McDonalds almoçar, vai àqueles sítios giros e bué saudáveis com saladas, ao que junta azeitonas, camarão e morangos e o molho de maionese com alho. 
Muita giro.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Por favor

Alguém devia acabar com o sofrimento do Pedro Granger e livra-lo daquela miséria, deus nosso senhor. Dizer-lhe com cuidado e tacto que ele não sabe apresentar programas. Quanto tempo mais vai aquilo durar?
Já dei por mim a acompanha-lo naqueles trejeitos e jeitos ao pescoço.  
A bem do serviço público e como forma de prevenir um torcicolo: volta Malato!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Há Palavras que Nos Beijam

Há palavras que nos beijam 
Como se tivessem boca. 
Palavras de amor, de esperança, 
De imenso amor, de esperança louca. 

Palavras nuas que beijas 
Quando a noite perde o rosto; 
Palavras que se recusam 
Aos muros do teu desgosto. 

De repente coloridas 
Entre palavras sem cor, 
Esperadas inesperadas 
Como a poesia ou o amor. 

(O nome de quem se ama 
Letra a letra revelado 
No mármore distraído 
No papel abandonado) 

Palavras que nos transportam 
Aonde a noite é mais forte, 
Ao silêncio dos amantes 
Abraçados contra a morte. 

Alexandre O'Neill
Esta noite sonhei com a minha avó e ela ainda estava viva. Debilitada, é certo, mas viva. Acho que ainda não resolvi bem a partida dela cá dentro, ainda não a chorei se calhar porque estou ainda um pouco em negação mesmo dez meses depois. Às vezes ainda penso que vou para a terra e ela vai abrir-me a porta; chego, mas ela não está lá. É um silêncio vazio impossível de vir a ser preenchido. 
Só chorei na igreja quando ouvi também o nome do meu avô; um golpe duro, um murro no estômago, acho que assustei o meu primo. Foi a primeira e última vez. Tive medo por quem ficou. Ainda tenho. 
Lembro-me da última vez que a vi, lembro-mo das palavras que me disse numa réstia de lucidez e ainda sinto o toque dela na minha cara. Os dedos longos da mão iguais aos meus. Sinto-os, tão vivos, tão reais. O nó na garganta, igualmente.
Às vezes sinto-lhe a falta; da comida, do tom reconciliatório. Gostava que estivesse cá para me ver tirar o curso, casar, ter filhos. Às vezes penso que ainda a vou ver, falar com ela, a minha estrutura e esquema mentais ainda assim estão configurados, mas rápido me lembro que não. Foi o fim. Há sempre um fim, um fim para tudo, um fim para todos. Ninguém escapa. 
Precisava de lançar isto para o universo, não lhe sei bem a utilidade nem o que fazer com isto, mas está dentro de mim há tempo de mais. Não estava à espera de sonhar com ela e o sonho atingiu-me como uma lança, portanto precisava de lançar isto para o universo. Que o universo faça disto o que entender.
Sonhei que eu própria tinha um tumor, mas no cérebro, e fui morrer ao areal da praia.
Acordei e vi o sol por entre a abertura dos estores. A realidade assentou.
A morte é uma puta.

sábado, 3 de março de 2012

Razões pelas quais quero um carro


  1. Para ir ao McDrive do McDonalds às duas da manhã de sábado quando cair sobre mim uma vontade desmedida de um McChicken, ou um Big Tasty, ou um Sundae. Acontece várias vezes e isto deixa-me bastante debilitada emocionalmente;
  2. Para ir à Biblioteca Saramago: parece longe como o raio para ir a pé, mesmo que até não seja. É desolador ir carregada com pc e livros para lá, mas está mais vazia ao sábado que a Biblioteca Central cá do burgo. É-me complicado pedir a um senhor velhinho a ler o jornal que se desvie só um bocadinho para ligar o pc à ficha. Além de que as senhoras desta biblioteca são mais simpáticas;
  3. Concertos/festivais: parece-me auto-explicativa;
  4. Roadtrips
To be continued...

Diana Catarina é uma moça crescida

Não só vai às compras toda alegre e contente comprar iogurtes e fruta, como levanta dinheiro no multibanco para tal.
Supimpa!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Run, Diana Catarina, Run!

Eu preciso mesmo de começar a fazer jogging; preciso de treinar o meu pobre músculo do miocárdio para esforços físicos e assim prevenir uma síncope. 
O meu ritmo cardio não se coaduna com a actividade física de alto nível que é a de andar de transportes públicos. Correr para apanhar o metro é um sprint de 30 metros; correr para casa porque se esqueceu do passe no bolso do casaco do dia anterior e depois correr novamente para o metro é uma maratona. Correr da estação de metro para o sítio onde é suposto já estar é corta-mato. 
Eram 10:30 e eu já tinha corrido mais durante a manhã do que durante todo o tempo em que estou na faculdade... junto. 
Talvez seja boa ideia aproveitar as manhãs e ir correr (como fiz hoje ainda que involuntariamente) - mesmo que eu seja a operacionalização do conceito de preguiça e adore a minha cama pela manhã... e pela tarde e à noite. Mas se calhar era capaz de ser giro e evitava morrer ao fim de trinta segundos de actividade física um nadinha mais intensa (não me dava mesmo nada jeito quinar-me agora).

Cara senhora que se sentou a duas cadeiras de mim no barco

Eu desviei a mala da cadeira, mas foi para a senhora se sentar, não para meter lá as suas coisas. Usurpurar um lugar em hora de ponta com sacos e mala ainda não tendo o barco zarpado parece-me um bocadinho de mau tom; não sei, se calhar sou só eu.