Haverá coisa mais bonita e ternurenta que um casamento? Pois também me quer parecer que não. Ainda mais se for assim no Registo Civil... de Almada. Ali naquele terraço lindo, com uma vista deslumbrante sobre a praça da Liberdade, a fonte, o metro, os prédios. Abençoada seja a República e os ideais daqueles que a implantaram, e o romantismo imenso que deram à sagração do matrimónio pelo civil.
Também quero uma coisa assim quando chegar o meu dia: se me estás a ler, meu futuro cônjuge, pobre alma completamente tonta e temporariamente insana certamente, já sabes... Registo civil de Almada.
É que eu não consigo imaginar sítio mais estupidamente romântico e bonito para uma pessoa dar o nó, prometer o resto da vida em juras de amor eterno. Qual Sé de Lisboa, qual altar secundário da Sé de Castelo Branco, qual Igreja de S. João Latrão em Roma! Ali mesmo. Lindo, lindo que só ele.
Fiquei tocada com o enlace, confesso. O nervosismo do noivo, o vestido rosa da noiva que lhe ficava pelos tornozelos, as crianças assim todas aprumadinhas a correrem de um lado para o outro. Nem me apeteceu pensar cá para mim que daqui a dois anos estavam ali naquele mesmo lugar para tirar a senha para o divórcio. Tudo muito lindo, muito romântico...
Até deu para esquecer que uma pessoa estava ali a definhar à quase duas horas para ir levantar o raio do cartão do cidadão daquele pingo de gente que se diz meu irmão.
Mas eles lá foram para o copo de água, e uma pessoa ali ficou, até que finalmente a fila começou a andar outra vez e uma pessoa lá se despachou, para ir à escola que outrora foi sua lá para o seu 5º e 6º ano. Mas quando lá chegou: nada...
E apercebi-me que não tenho memórias significativas daquele lugar. Nada. Nem uma ponta de saudade se levantou, nem um pingo de emoção. Nada. A escola continua parva: os cortinados são os mesmos, as mesas, os bancos, os campos para a Educação Física, só que agora parece tudo muito mais pequeno. Mas sem cor. Sem lembranças... O que é triste. Mas pronto, ficamos assim.
Agora a ver se vou ver o jogo do Brasil-Holanda e tentar não adormecer estupidamente à frente da televisão.
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