Os estilhaços do meu coração, de mim, permanecemos assim, estilhaçados. E parece que nada os voltará a unir. Os resíduos do que nos unia, os resíduos de ti teimam em demorar-se por cá, não se deixam lavar nem por nada. E enquanto isto, o mundo à nossa volta continua a girar, sempre no mesmo movimento de rotação, sempre no mesmo movimento de translação, com a Primavera seguida do Verão, a queda das folhas do Outono e a neve, fria, do Inverno. É cruel a forma como o Sol surge no horizonte na esperança de um novo dia, claro e límpido, como as marés sobem e retraem. Porque não pára o mundo quando o nosso coração se parte? Nem que seja por um breve segundo. Devia poder permanecer no mesmo sítio, do mesmo modo por solidariedade a nós; ali ficava, imóvel, estático até que cada um dos pedaços de mim se agrupasse aos demais, outra vez, prontos a girar com o mundo, novamente.
Mas parece que a dor não é tão forte, mesmo que o seja. Não tem força suficiente para poder parar o Mundo, apenas o meu mundo. E mesmo que se sinta a fragmentação de mim, tão grande e profunda neste instante, amanhã todo o Eu se vai reagrupar, unir novamente em tons de rosa e amarelo, verde e pérola, porque o Mundo ainda se encontra em órbita, o meu mundo avança e a vida continua.
CB 18 de Agosto de 2009; 4.42 am
Sem comentários:
Enviar um comentário