segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

[na verdade, estou no sexto]



Fiz aquele anúncio e ninguém viu

Pus em quase todo lugar
a foto mais bonita que eu fiz,
você olhando pra mim
Alto aqui do sétimo andar

longe, eu via você
e a luz desperdiçada de manhã
num copo de café
Deus sabe o que quis foi te proteger

do perigo maior, que é você
E eu sei que parece o que não se diz
o seu caso é o tempo passar
Quem fala é o doutor
Parece que foi ontem, eu fiz

aquele chá de habu
pra te curar da tosse do chulé
pra te botar de pé
E foi difícil ter que te levar

àquele lugar
Como é que hoje se diz?
Você não quis ficar
Os poucos que viram você aqui

me disseram que mal você não faz
E se eu numa esquina qualquer te vir
será que você vai fugir?
Se você for, eu vou correr
Se for, eu vou.
"Tentou uma vez explicar-me que a terra e os planetas foram arrancados ao Sol por uma estrela ao passar. Como se um cão trotasse junto a um arbusto e libertasse mundos. E nesses mundos apareceu a vida, e nessa vida seres como nós - almas. E mesmo criaturas mais estranhas que nós afirmou ela. Gostei de ouvir isto, mas não a compreendi bem. Sei que a impedi de voltar para o Japão. Por minha causa, desobedeceu ao pai. A mãe morreu-lhe, e Sono não se referiu a tal facto durante várias semanas. E uma vez disse: - Je ne crais pas la mort. Mais tu me fais souffrir, Moso. - Não a tinha visitado durante todo um mês. Tivera novamente uma pneumonia. Ninguém viera vê-la. Estava fraca e pálida, chorava e murmurava: - Je souffre trop. - Mas não o deixara confortá-la; ouvira dizer que ele andava com Madalena Pontritter.
Notou contudo: - Elle est méchante, Moso. Je suis pas jalouse. Je ferai amour avec un autre. Tu m'as laissée. Mais elle a les yeux très, très froids.
Escreveu, Sono, tinhas razão: Pensei que talvez gostasse de o saber. Os olhos dela são muito frios. No entanto, são olhos, e que há-de fazer deles? Não seria prático para ela odiar-se. Felizmente, Deus envia um substituto, um marido."
- Herzog, Saul Bellow

domingo, 1 de dezembro de 2013